terça-feira, 21 de abril de 2009

Robert Doisneau em Curitiba


Foto: Robert Doisneau/Divulgação

A trajetória de um dos maiores fotógrafos do século 20 está intimamente relacionada à história da indústria automobilística. É o que revela a grande exposição que chega a Curitiba antes mesmo de ser exibida no eixo Rio–São Paulo: A Renault de Doisneau, com abertura para o público na próxima sexta-feira (24), na Casa Andrade Muricy.

Explica-se o privilégio. A Renault, promotora e objeto da mostra, tem sede brasileira no Paraná. Portanto, julgou coerente começar por Curitiba a exposição que marca sua participação nos eventos do Ano da França no Brasil.

Quando jovem, Robert Doisneau (1912-1994), estudante de litografia, aprendeu a fotografar em um departamento de propaganda de uma empresa farmacêutica. Vendeu seu primeiro trabalho fotográfico para o jornal Excelsior em 1932 e, dois anos depois, foi contratado como funcionário da Renault. Com 22 anos, registrava máquinas, usinas, ateliês e técnicas, mas também escolas, cantinas e vestiários da empresa.

Suas imagens já deixavam entrever uma característica que o tornaria um dos mais importantes fotógrafos da “escola humanista”: a valorização do ser humano em meio ao maquinário fabril.

“De origem humilde, Doisneau nutria grande admiração pelos trabalhadores da fábrica, mas ainda não se sentia à vontade para fotografá-los cara a cara”, conta a curadora da mostra Ann Hindry.

Foi a historiadora e crítica de arte que passou a encarar o trabalho de Doisneau (a pronúncia é “duanô”) para a fábrica de carros como material artístico, quando iniciou o seu trabalho na curadoria da Coleção de Arte Moderna da Renault em 1996.

Em 2002, ela organizou as imagens de Doisneau, guardadas em um arquivo histórico da empresa, junto com algumas obras de outros fotógrafos consagrados. A partir de então, o público pôde conhecer o acervo que havia sido mostrado somente como parte de uma exposição em Paris, em 1985, sobre a história da Renault.

“É uma coleção pouco conhecida em comparação ao vasto horizonte da obra de Doisneau, mas que deixa transparecer inúmeras semelhanças com suas fotografias mais famosas”, diz Ann. A mais célebre delas é “O Beijo do Hotel de Ville”, em que o fotógrafo retrata o beijo de um casal em frente à prefeitura de Paris, na década de 1950.

Demitido

Doisneau não era muito pontual e, por isso, foi demitido da Renault em 1939. “Um dos motivos de seus atrasos é que ele passava noites e noites buscando um método pessoal para fazer fotos coloridas antes mesmo da invenção da revelação colorida, no pós-guerra”, conta a curadora. Ela incluiu três ou quatro imagens em cores em meio às 106 imagens da mostra – em tiragem realizada por um impressor de confiança do próprio fotógrafo.

As relações amigáveis, no entanto, foram mantidas, tanto que Doisneau voltou a trabalhar na empresa entre 1946 e 1955 como freelancer de imagens publicitárias. Durante os anos fora da empresa, conquistou reconhecimento. Doisneau trabalhou na agência Rapho e, na Segunda Guerra Mundial, foi soldado e fotógrafo da Resistência, registrando a ocupação e a liberação de Paris.

Após a guerra, colaborou com as revista norte-americana Life e, contra sua vontade, clicou moda e a alta sociedade francesa para a Paris Vogue. Satisfazia-se, mesmo, percorrendo as ruas para flagrar cenas do cotidiano. Os passeios foram fontes de suas melhores fotos.

Quando voltou à Renault, já não era o mesmo funcionário tímido diante de um personagem. Ann Hindry indica essa transformação de Doisneau optando por uma disposição não-cronológica das imagens, em que confronta obras das duas passagens do fotógrafo pela Renault. Nos dois momentos, há inegável talento, mas, no segundo, o diálogo entre ele e os trabalhadores transparece nas imagens.

Ann conta que Doisneau era chamado de “fotógrafo nômade” pelos funcionários da empresa. “Ele tinha duas missões: a de retratar o cotidiano da empresa e as máquinas e a de produzir os ‘reclames’, ou seja, a publicidade. Sempre com total liberdade de ação.” E abusava desta condição imprimindo um forte estilo pessoal mesmo em comerciais de lindas modelos dirigindo carros. Se a composição das fotos o aproximava do modernismo, pelo uso que fazia das linhas, da luz e das sombras, a veia humanista é notada no modo inusitado de fotografar os modelos automobilísticos (há imagens que lembram cenas de filmes de Hitchcock) e nos pequenos detalhes como, por exemplo, uma criança sentada em um gramado ao fundo de uma imagem publicitária e o acréscimo de sua própria sombra – que aparece como uma espécie de assinatura em algumas fotos.

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Serviço

A Renault de Doisneau. Casa Andrade Muricy (Al. Dr. Muricy, 915), (41) 3321-4798. A exposição abre para o público na próxima sexta-feira (24), às 10 horas. Entrada franca.

Fonte: Gazeta do Povo

Lomography no Brasil

Este post é para aqueles amantes das Lomo, aquelas câmeras que viraram febre na europa e pelo mundo afora. Veja abaixo o que saiu no site oficial:

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Para quem nunca ouviu em lomografia (what the hell is lomo?), clique:

http://www.lomography.com.br/whatthehellislomo/index.shtml

Abraço,


Mar e Mata - errata

Desculpem o equívoco, mas NÃO há exposição das imagens do livro lançado pelo fotógrafo João Urban. Na última quinta-feira aconteceu somente o lançamento do livro. A correção foi feita pelo próprio autor.

André Zielonka